quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A Teologia da libertação e a Ditadura Militar no Brasil

Já é de nosso conhecimento que a Igreja Católica apoiou o Regime Militar instaurado no Brasil após o golpe de 1º de Abril de 1964. E temos como uma espécie de marco desse apoio a "marcha da família com Deus pela liberdade", que se colocava contra o Presidente em exercício João Goulart e ao "regime comunista" do qual estavam temerosos.
O que começaremos a ver neste post é, como esse apoio começou a ser minado e como determinados membros da Igreja Católica se engajaram na luta contra o Regime Militar impulsionados por uma filosofia então nascente na Igreja e que até hoje gera grande polemica em seus bastidores.
A Teologia da Libertação, surgida no final dos anos 60, fomentada pelo Concílio Vaticano Segundo e pela  Assembléia Geral da Conferencia Episcopal Latino Americana em Medellín que modificou a forma da Igreja de evangelizar e de se colocar ao lado dos mais necessitados. 
No link abaixo é possível ter acesso a um interessante artigo a respeito dessa corrente filosófica dentro da Igreja Católica.
Esta igreja libertadora pensava na defesa dos oprimidos e no levante contra a fome, além disso, lutavam pelo direito à propriedade privada, pelo desenvolvimento social, pelos direitos humanos. A Teologia da Libertação entende que a igreja deve caminhar ao lado dos oprimidos, deve ver a realidade a partir da ótica dos pobres, portanto a  e a prática pastoral tem que seguir essa ideologia.
Nesse período tivemos nomes que se destacaram na luta intelectual contra a ditadura militar entre eles os Freis Dominicanos Betto e Tito que se aliaram a  à ALN (Aliança Libertadora Nacional) comandada por Carlos Marighella 
contra o regime militar. 
O apoio da Igreja ao regime começou a cessar a medida que a violência e opressão aumentou consideravelmente. Porém a Teologia da Libertação não reflete a posição da Igreja de uma forma geral, pois traz consigo ideais marxistas, não apoiados pela instituição ainda hoje.
Abaixo um trecho de documento emitido pela Igreja Católica em 1970 :

"Não podemos admitir as lamentáveis manifestações da violência, traduzida nas formas de assaltos, seqüestros, mortes ou quaisquer outras modalidades de terror. Pensamos primeiramente no exercício da JUSTIÇA, que, sinceramente, cremos estar sendo violentado, com freqüência, por processos levados morosa e precariamente, por detenções efetuadas em base a suspeitas ou acusações precipitadas, por inquéritos instaurados e levados adiante por vários meses, em regime de incomunicabilidade das pessoas e em carência, não raro, do fundamental direito de defesa. Seríamos omissos se não frisássemos, neste momento, nossa posição firme contra toda e qualquer espécie de tortura."
 (Documento da Décima Primeira Assembléia Geral da CNBB, SEDOC, 3 (1970-1971): 85-86 APUD MAINWARING Igreja Católica e Política no Brasil (1916-1985). São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.p.130.)

Me parece que uma das melhores representações que temos da participação da Igreja na luta armada são os frades dominicanos que se aliaram à ALN e participaram de manifestações intelectuais, denúncias ao regime entre outras.
Segue a dica de um ótimo filme baseado no livro "Batismo de sangue" escrito por Frei Betto, lançado em 1983. O filme homônimo basicamente, narra a história de religiosos que resolveram se aliar à ALN contra o regime militar.


Referências: 

MAINWARING, Scott. Igreja Católica e Política no Brasil (1916-1985). São Paulo: Editora Brasiliense, 1989.



Um comentário: