sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Os Estados Unidos e o golpe de 1964

Conforme Goulart divulgava as reformas de base e acercava-se de esquerdistas, aumentava a apreenção sobre o destino do país e a pressão externa.O Instituto Brasileiro de Ação Democratica (IBAD) e a Ação Democratica Popular (ADEP) financiaram candidatos direitistas nas eleições de 1962 e receberam ajuda do exterior por meio do Royal Bak of Cánada, Bank of Boston e First National City Bank, conforme a Comissão Parlamentar de Inquerito (CPI). Consequentemente, Goulart suspendeu atividades daquelas instituições.O Council of the Americas, liderado por David Rockfeller e a CIA contribuiram para a desestabilização do governo Goulart. Empresas norte-americanas, Hanna e ITT pressionaram para provocar colapço economico brasileiro, por meio da suspensão da ajuda para o balanço de pagamentos do Brasil.
O embaixador dos EUA, Lincoln Lacerda e empresários conspiravam contra seu governo.
Em 1963, a CIA acreditava que a cessação de toda ajuda financeira ao Brasil poderia ser capitalizada internamente por Goulart (aumentaria a dívida externa, às nacionalizações e às relações com a União Soviética) e facilitaria uma solução autoritária e ultranacionalista, ameaçando os interesses privados norte-americanos. Daí a atuação da Cia na organização de grupos paramilitares e no fornecimento de armas, ponderando a hipótese de guerra civil.
Não há provas quanto a participaçao dos EUA que puseam fim no mandato de Goulart. Porém não há dúvidas de que estava alinhado aos conspiradores e organizou uma força tarefa para atuar nas águas brasileiras com finalidade de apoiar os revoltosos, fornecendo armas, munições, combustíveis e lubrificantes. A ajuda economica favoreceu forças opositoras a Goulart.
Além dos aspectos materiais, não se pode esquecer a influência ideologica anticomunista feita pelos EUA por meio do treinamento dos oficiais brasileiros que frequentaram suas escolas especializadas desde o final da Segunda Guerra. Se durante o governo de Jânio Quadros a ''política externa independente'' foi usada como instrumento de negociação diante dos EUA (Jânio praticou o que os analistas denominaram 'neutralismo tático') o mesmo não ocoreu com João Goulart. O governo deste, ao ser visto pelos EUA como esquerdista e um ''caso perdido'', ficou sem poder de barganha ante o parceiro hegemonico que ao invés de negociar, passou a adotar medidas que contribuiram para sua queda. A propósito, após a crise dos mísseis de Cuba em outubro de 1962, o ponto culminante da Guerra Fria, o abrandamento da bipolaridade retirou a possibilidade de se praticar um ''neutralismo tático'' eficiente.
Sobre o golpe de 1964, concluimos que os EUA não se envolveram diretamente na sua elaboração, porém o conheciam, o acompanharam com particular interesse e estavam preparados para um suposto apoio a revolta caso fosse necessario(operação Brother San). Além disso, acolheram o novo governo Castelo Branco com satisfação e inauguraram com este um política de apoio e colaboração.

Fonte:CERVO,Amado e BUENO, Clodoaldo. História da política exterior do Brasil. 2 Ed. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2002.

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